14 novembro 2006

Apressados



Tem um ditado que diz: apressado come cru. Discordo. Apressado simplesmente não come. E, se come, não sente o gosto da comida. Falo isso por conta de dois comentários apressados sobre coisas que me dizem respeito.
O primeiro, foi feito no jornal virtual No mínimo – todo prosa, a respeito de um trecho do meu romance, Memória do fogo. Estava lá: “Pelo trecho, não acrescenta mais do que assistir a um episódio de ‘O Vidente’, do SBT. Trash de quinta categoria.”
O segundo, foi publicado por um leitor de uma coluna social a respeito da apresentação do Clube do Conto na Primeira Bienal do Livro da Paraíba: “Estive na Bienal ontem e fiquei feliz com o que vi nos estandes. Causou-me espanto, no entanto, discussão ocorrida no auditório com o pessoal do Clube do Conto da Paraíba. Pensei encontrar uma discussão literária, mas aqueles escritores me pareceram anacrônicos e medíocres. Saí com quinze minutos...”
Maria Valéria Rezende, um dos membros do clube, autora de O vôo da guará vermelha e de Modos de apanhar pássaros a mão, ambos publicados pela Objetiva, espantou-se com o prodígio adjetivante do comentarista: “Bastaram quinze minutos para o moço descobrir que somos anacrônicos e medíocres!”
A única coisa que consigo sentir por estes ejaculadores precoces da cultura é pena. Se não tivessem tanta pressa em exibir sua bile, se pudessem se abster do rancor a tudo que não satisfaz de imediato suas expectativas mesquinhas, ganhariam um quinhão maior de prazer em suas experiências com o mundo.
Apresados costumam morrer de inanição. A vida, meus caros, é algo a ser degustado com calma e cuidado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse povo nem merece um espaço no teu blog.