30 novembro 2006

Passar



Passará toda marca que o tempo
me deixar sulcar sobre a terra.
Toda marca que o tempo sulcar
no meu corpo também passará.

Passará toda marca que o tempo fizer
do teu corpo em meu corpo.
Passará o meu tempo e eu sei
que o teu tempo também passará.

Na lembrança do leito, arena
de liça de cavalaria,
passará um tropel no meu peito
e em teu peito também passará.

Quando, enfim, o tempo decidir
que será fim de tarde em meu corpo,
certamente teu corpo também
como o meu não amanhecerá.

Quando a noite baixar em meu corpo
e fizer escuro em teu corpo,
certamente sobre novos corpos
amanhecerá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo, lindo, lindo!!!! É do meu pai!!