01 julho 2013

Os radicais de Jericó



Sempre achei uma demonstração de fraqueza as piruetas que certos parlamentares fazem para justificar suas ausências nas casas em  que supostamente nos representam. Finalmente, um grupo seleto desses políticos acaba de tomar uma atitude radical. Os vereadores da cidade de Jericó, no Sertão da Paraíba, decidiram que não são de ferro: só vão trabalhar seis meses por ano. E, nesses seis meses de sacrifício, se reunirão apenas uma vez por semana, nas sextas-feiras. Cada vereador jericoense recebe dois mil reais por mês.  Receberão, portanto, 24 mil reais por 24 dias de trabalho por ano. Mil reais por dia. Muita gente vai querer largar suas ocupações atuais para tentar se eleger em Jericó. É um dos melhores empregos do mundo.
Segundo o IBGE, Jericó tem uma população de 7.538 almas, distribuída em pouco mais de 179 quilômetros quadrados. De fato, seus vereadores não têm muito o que fazer. Se decretarem que vão ter doze meses de férias por ano, ninguém sentirá sua falta. Assim como seria muito bom se todos os vereadores, deputados e senadores do Brasil deixassem definitivamente de trabalhar. Garanto que as coisas andariam muito melhor sem a roubalheira geral que estes senhores promovem no pouco tempo em que trabalham. No lugar da parafernália legislativa que promovem, adotaríamos o projeto sensato de constituição proposto pelo historiador Capistrano de Abreu: “Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.”

E parece que este pessoal que está nas ruas está levando a sério a Constituição do Capistrano. Essa turma está tomando vergonha na cara  bem a tempo de evitar que este País se transforme de vez num imenso Jericó.