16 agosto 2006

Romeiros


Sem rumo certo, vão e vêm de cabeças baixas. Seus corpos ondulam numa coreografia sonâmbula. Sozinhos, aos pares ou em pequenos bandos, dão alguns passos e param. Só aí se vê que não é de tristeza a expressão de seus rostos. É de um certo êxtase, de quem não acredita de fato que está ali. Logo voltam a olhar para o chão e a caminhar lentamente sobre as pedras. São os romeiros de Parati, numa insólita procissão em louvor da palavra. A pluralidade das vozes denuncia: estão ali para a Festa Literária Internacional de Parati, a Flip. O comportamento estranho entre o cabisbaixo e o êxtase deve-se ao calçamento irregular feito de pedras no tempo da colônia. É impossível andar olhando para frente ou para os lados. É preciso parar para poder ver as casas, as galerias, as livrarias, os bares e botecos que disputam nossos olhos. É parado também que se vê o passar do tempo sobre o lugar. E somente parados podemos procurar o olhar do outro com quem compartilhar o deslumbramento.
O Clube do Conto de João Pessoa estava lá. Na noite de quinta-feira, dia 10 de agosto, no Che bar, fizemos uma autêntica farra literária paraibana, batizada de Parathyba. Vendemos livros, sorteamos livros, demos muitos livros. O bar estava lotado. Muita gente estava lá para conhecer a turma daquela freira da Paraíba que tinha feito o maior sucesso na mesa de abertura da Festa, na manhã daquele dia. E foi a própria Valéria Rezende que apresentou o Clube.
Valéria, Barreto, Marília, Suênio Campos e eu erramos como romeiros pelas ruas de Parati. Fomos festejar a palavra. Cabisbaixos algumas vezes. Em êxtase na maior parte do tempo pela beleza da polifonia.

4 comentários:

Márcia Maia disse...

E eu daqui, torcendo e louquinha de vontade de estar lá, com vcs.

Finamente consigo comentar aqui. Vou logo linkar vc tanto no tábua de marés quanto no mudança de ventos pra poder voltar sem me perder no caminho. ;)

Beijo grande, Rona.

Márcia Maia disse...

E eu daqui, torcendo e louquinha de vontade de estar lá, com vcs.

Finamente consigo comentar aqui. Vou logo linkar vc tanto no tábua de marés quanto no mudança de ventos pra poder voltar sem me perder no caminho. ;)

Beijo grande, Rona.

geraldomaciel disse...

É Rona, estávamos lá. E estive novamente depoius que li seu texto. É uma maravilhosa revisitação através da palavra.dDa tua palavra.
Muito bom.

Um abraço,

Barreto

Anônimo disse...

Que farra, hein?? De matar de inveja o resto do país!