A borracharia já estava lá quando a igreja se instalou na casa em frente. E desde o começo dos tempos os cartazes enfeitavam as paredes encardidas com aquelas mulheres exuberantes, algumas mal cobertas no essencial, outras generosamente nuas. Perto da hora dos cultos, lá vinham os irmãos, paletó, gravata e o indefectível livro de capa preta nas mãos. Curioso é que vinham pelo lado da borracharia, só atravessando depois de um olhar furtivo para os cartazes. As irmãs, não. Ajuntavam-se na porta da igreja e ficavam dando muxoxos para o lado dos borracheiros. Deus estava vendo. Vão todos queimar no fogo do inferno. Uma pouca vergonha, confirmava um irmão. Eu vi com meus próprios olhos.
As coisas caminhavam assim, quando um fato novo quebrou a monotonia da desavença. O poster da Mulher Melancia. Era gritante demais, volumoso demais, pecaminoso demais para ser tolerado por aquelas ovelhas prontas para ruminar nos pastos divinos. Depois do culto da noite, o assunto foi discutido a portas fechadas. Na manhã seguinte, decidiu-se, o pastor iria falar com o dono da borracharia. Ele mesmo se comprometeu a avaliar o teor pecaminoso do cartaz e exigir sua retirada da parede.
As coisas caminhavam assim, quando um fato novo quebrou a monotonia da desavença. O poster da Mulher Melancia. Era gritante demais, volumoso demais, pecaminoso demais para ser tolerado por aquelas ovelhas prontas para ruminar nos pastos divinos. Depois do culto da noite, o assunto foi discutido a portas fechadas. Na manhã seguinte, decidiu-se, o pastor iria falar com o dono da borracharia. Ele mesmo se comprometeu a avaliar o teor pecaminoso do cartaz e exigir sua retirada da parede.
Não adiantou nada. O borracheiro estava irredutível. A borracharia é minha, o poster é meu. Quem não quiser olhar, vire a cara ou feche os olhos. Acho que as irmãs sentem inveja da melancia da moça. E o senhor precisa ver o tanto de crente que deixa para atravessar a rua aqui em frente da borracharia. O senhor me desculpe, pastor, mas eu tenho mais o que fazer. Depois da Mulher Melancia, aumentou muito o movimento por aqui.
A indignação tomou conta do rebanho. Se a missão de paz não obteve resultado, o borracheiro ia ver o quanto podia a ira do Senhor manifestada em seus servos. No outro dia de manhã, toda a congregação estava presente, excitada pela voz estridente do pastor, pronta para invadir a borracharia e expulsar de lá o demônio dos fartos glúteos.
Convocados pelo celular, borracheiros de toda a vizinhança acudiram em defesa do colega ameaçado. Os ânimos se exaltaram. A ocasiões como esta não se ajusta melhor expressão. Definitivamente, os ânimos se exaltaram. Igreja, ataque a borracharia, bradou o pastor. Em resposta, ouviu-se o grito roufenho do inimigo: borracharia, enfrente a igreja.
Os irmãos não tiveram tempo de dar um passo. O borracheiro arrancou o poster da parede, mostrou fervorosamente o seu conteúdo ao valorosos companheiros e avançou com aquela bunda enorme lhe cobrindo o peito em direção ao exército inimigo. Atrás dele, tomados pelo espírito de Thor, armados com seus martelos de borracha maciça, os homens gritavam seu grito de guerra: Créu – Créu – Créu.
A massa de fiéis abriu-se como o Mar Vermelho. Créu – Créu – Créu, avançava o exército igreja adentro. Aleluia, Aleluia, gritavam os irmãos, alucinados pelas formas excessivas da mulher que ondulava ao sabor dos passos do borracheiro. Créu – Aleluia – Créu – Aleluia, gritavam as irmãs, muitas já sem as longas saias, comparando suas bundas com a da mulher do cartaz, fazendo bruscos movimentos de ir e vir com a pélvis, numa cópula frenética com o nada.
Em nome de Deus, tire este demônio daqui. Atirou-se o pastor aos pés do borracheiro. O homem enrolou cuidadosamente o pôster e ordenou a seus comandados: borracharia, abandonar a igreja. Saíram em silêncio, mas sem esconder um ar triunfante. Atrás deles, os irmãos tentavam cobrir as vergonhas de suas mulheres que acordavam do transe ainda aos estertores.
No culto seguinte, o pastor teve trabalho para botar pra dentro da igreja os homens e mulheres que vagavam em frente da borracharia.
A indignação tomou conta do rebanho. Se a missão de paz não obteve resultado, o borracheiro ia ver o quanto podia a ira do Senhor manifestada em seus servos. No outro dia de manhã, toda a congregação estava presente, excitada pela voz estridente do pastor, pronta para invadir a borracharia e expulsar de lá o demônio dos fartos glúteos.
Convocados pelo celular, borracheiros de toda a vizinhança acudiram em defesa do colega ameaçado. Os ânimos se exaltaram. A ocasiões como esta não se ajusta melhor expressão. Definitivamente, os ânimos se exaltaram. Igreja, ataque a borracharia, bradou o pastor. Em resposta, ouviu-se o grito roufenho do inimigo: borracharia, enfrente a igreja.
Os irmãos não tiveram tempo de dar um passo. O borracheiro arrancou o poster da parede, mostrou fervorosamente o seu conteúdo ao valorosos companheiros e avançou com aquela bunda enorme lhe cobrindo o peito em direção ao exército inimigo. Atrás dele, tomados pelo espírito de Thor, armados com seus martelos de borracha maciça, os homens gritavam seu grito de guerra: Créu – Créu – Créu.
A massa de fiéis abriu-se como o Mar Vermelho. Créu – Créu – Créu, avançava o exército igreja adentro. Aleluia, Aleluia, gritavam os irmãos, alucinados pelas formas excessivas da mulher que ondulava ao sabor dos passos do borracheiro. Créu – Aleluia – Créu – Aleluia, gritavam as irmãs, muitas já sem as longas saias, comparando suas bundas com a da mulher do cartaz, fazendo bruscos movimentos de ir e vir com a pélvis, numa cópula frenética com o nada.
Em nome de Deus, tire este demônio daqui. Atirou-se o pastor aos pés do borracheiro. O homem enrolou cuidadosamente o pôster e ordenou a seus comandados: borracharia, abandonar a igreja. Saíram em silêncio, mas sem esconder um ar triunfante. Atrás deles, os irmãos tentavam cobrir as vergonhas de suas mulheres que acordavam do transe ainda aos estertores.
No culto seguinte, o pastor teve trabalho para botar pra dentro da igreja os homens e mulheres que vagavam em frente da borracharia.
5 comentários:
This topic have a tendency to become boring but with your creativeness its great.
Nossa,muito bom.Virei sua fã depois que vc leu o conto sobre o anão,lá na oficina do conto.Vai pros favoritos!
=)
hauhauhauhauha, adorei!
Ri muito aqui e admirei bastante seu texto. Excelente vocabulário! Esse tipo de igreja é o tema do meu projeto!
Me identifiquei muito!
:)
Jáh li muitos textos colocados aqui... parabéns pela maioria... porém, axo que vc viajooo nesse texto... desculpe mais nada a ver! axo que vc tem um potencial muito grande e não precisa desses textos que falam de igrejas e de evangélicos. Caiu no meu conceito!
veja isso como uma crítica construtiva ok ;]
Caro Ronaldo Monte,
gosto denais dos seus textos e estou adicionando seu blog aos meus prediletos. A propósito, gostaria de publicar esse seu texto no meu blog, se me permite - por óbvio, devidamente identificado o mérito autoral... Um abraço.
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