Alguns pensam que o tempo é uma linha reta. Começa-se num determinado ponto e segue-se em marcha batida para onde nos indica a flecha. Para outros, o tempo é um grande carrossel, em que os cavalinhos tangem infinitamente os mesmos lugares.
Cada um tem o direito de pensar o tempo como achar melhor, mais conveniente. Para mim, a melhor imagem do tempo é a da espiral. Como aquelas escadas que sobem como um caracol e dão medo de cair a quem olha pra baixo.
Alguns mais cultos chamariam, a escada e a figura geométrica, de helicoidal. Mas não há tempo para sermos cultos: o tempo é uma espiral, e pronto. E o que ganhamos com essa imagem do tempo em espiral? Que vantagem tiramos em subir (ou descer) pelo tempo dando voltas e sentindo vertigens?
As vantagens, sugiro eu, são exatamente as voltas e as vertigens. Se o tempo é uma espiral, a cada volta sua não passamos exatamente pelo mesmo lugar. Se estamos subindo, passamos mais acima. Se descemos, passamos mais abaixo. Para cima ou para baixo, haverá sempre uma novidade a nossa espera. Subindo ou descendo, nosso corpo se afetará tanto com o movimento quanto com a novidade. Daí a vertigem, daí a sensação de redemoinho, de mar agitado que o tempo às vezes nos traz.
Mas nem sempre é tempo de novidade e vertigem. Existem momentos de calma e repetição que merecemos desfrutar. É um tempo assim que eu desejo para você nas festas de Natal e Ano Novo. Em paz, na sua casa ou fora dela, com as pessoas queridas de sempre.
E se alguém ou algo novo se insinuar neste tempo, que esse novo seja acolhido na calma repetição dos momentos de confraternização que aprendemos a viver com nossos antepassados e teimamos em transmitir aos que sobreviverão a nós.
imagem obtida em
www.mat.uc.pt/.../conchas/imagens/helicoidal.png
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