09 dezembro 2007

Cintilações de um palheiro




O que melhor diferencia o ser humano das outras espécies é a sua aptidão para a fala. E uma das coisas que dá mais prazer a certos membros da espécie humana é a oportunidade de falar mal dos seus semelhantes.
Eu me considero, neste aspecto, um homem de sorte. Desde o ano de 2001, de dois em dois anos, Waldir me entrega os originais de um novo livro, com carta branca para cortar, emendar e sugerir alterações no texto. Isto significa que, a intervalos regulares, eu posso falar mal de Waldir a pedido dele próprio. É o paraíso dos maledicentes.
Para meu desgosto, porém, a cada novo livro de Waldir vai ficando mais difícil o exercício desta arte que me é tão cara. Ele vem escrevendo cada vez melhor, com mais apuro, com mais economia. Esta evolução pode ser constatada pelos próprios títulos dos seus livros de poesia: Cantos da Vida de amar – Poemas e Solilóquios (2001), Amor que sai do casulo (2003), O Avesso da Pele (2005).
Quando Waldir me entregou os originais de Palheiro Cotidiano, dizendo que se tratava de contos e crônicas, meu coração, maldoso, exultou: teríamos novamente muito sobre o que falar. Mas ficamos a mingua, os dois. Como já disse na orelha do livro, “neste Palheiro Cotidiano cintilam agulhas preciosas que não fazem nenhuma questão de permanecer escondidas. Encontram-se muitas em cada página. São imagens, conceitos ou simples palavras que se entregam aos nossos olhos, como crianças pequenas brincando de se esconder.”

Convido, pois, todos vocês, a aceitar este livro como um presente que Waldir Pedrosa Amorim nos dá neste fim de 2007. E que as suas histórias, lembradas ou inventadas, venham se mesclar ao nosso repertório de boas memórias. E com isso nos tornemos, todos, pessoas melhores, tão boas como Waldir e seus escritos. Assim, creio, daremos bons motivos para que o mundo fale bem de nós.

Waldir Amorim

Nenhum comentário: