Numa oficina de leitura, o menino viu pela primeira vez a palavra albatroz. Ela estava escrita no poema Navio Negreiros, de Castro Alves. O menino perguntou o que era albatroz e ficou sabendo que é um pássaro que vive no mar, junto aos navios. E que é desengonçado quando está no chão e muito desastrado quando pousa ou levanta vôo. Mas quando voa, o albatroz é uma das aves mais belas. É como os poetas, ouviu o menino. Desastrados na vida cotidiana e belos quando planam com as asas das palavras.
Alguns dias depois, o menino diz que viu um albatroz na televisão. Não o vira voando, mas parado no chão. Estava excitado com o aprendizado. A partir daí, toda a sua inibição com a leitura desapareceu e ele se apropriou dos versos em que o poeta pede: “albatroz, albatroz, dá-me tuas asas”.
A experiência do albatroz me fez lembrar das muitas palavras que conheci antes das coisas que nomeavam. E muitas vezes o conhecimento da coisa fez perder o encanto da palavra. Foi muito grande a decepção que tive quando soube do verdadeiro significado da palavra corolário. A coroa colorida que imaginava desapareceu para dar lugar a uma decorrência lógica.
Felizmente, não foi isso que aconteceu com o albatroz. A coisa vista reafirmou a beleza da palavra. Mais felizmente ainda, não foi só essa palavra, nem só este menino que se encontraram na oficina de leitura. São muitos os meninos e meninas, são muitas oficinas espalhadas pelas periferias das cidades. E precisam ser muitas, pois são muitas as palavras que voam por aí, procurando lugar para pousar. Primeiro nos olhos, depois nas almas dos meninos e meninas, ávidos de palavras.
Vejo cada jovem destes como um albatroz. Desengonçado no trato com o mundo, desajeitado nas tentativas de decolagem, mas belo e gracioso quando alça vôo com as asas mágicas da palavra.
Alguns dias depois, o menino diz que viu um albatroz na televisão. Não o vira voando, mas parado no chão. Estava excitado com o aprendizado. A partir daí, toda a sua inibição com a leitura desapareceu e ele se apropriou dos versos em que o poeta pede: “albatroz, albatroz, dá-me tuas asas”.
A experiência do albatroz me fez lembrar das muitas palavras que conheci antes das coisas que nomeavam. E muitas vezes o conhecimento da coisa fez perder o encanto da palavra. Foi muito grande a decepção que tive quando soube do verdadeiro significado da palavra corolário. A coroa colorida que imaginava desapareceu para dar lugar a uma decorrência lógica.
Felizmente, não foi isso que aconteceu com o albatroz. A coisa vista reafirmou a beleza da palavra. Mais felizmente ainda, não foi só essa palavra, nem só este menino que se encontraram na oficina de leitura. São muitos os meninos e meninas, são muitas oficinas espalhadas pelas periferias das cidades. E precisam ser muitas, pois são muitas as palavras que voam por aí, procurando lugar para pousar. Primeiro nos olhos, depois nas almas dos meninos e meninas, ávidos de palavras.
Vejo cada jovem destes como um albatroz. Desengonçado no trato com o mundo, desajeitado nas tentativas de decolagem, mas belo e gracioso quando alça vôo com as asas mágicas da palavra.
Um comentário:
Somente uma sensibilidade e uma inteligência emocional e racional muito acentuada para perceber a dimensão terna de um aspecto do cotidiano sempre tão rijo... e com tamanho lirismo, provocando um enorme prazer estético em quem tem o privilégio de desfrutar um texto como este.
Um grande abraço, amigo. Feliz Natal pra tu, pra Glorinha e pro resto da família. Tenho muito orgulho de ser amigo de um cara maravilhoso como vc.
um beijão!
Lau
PS. Um 2008 com muita poesia, para todos nós.
Postar um comentário