16 maio 2012

O planeta Melancolia


O filme é meio chato, mas não podia ser diferente. O Título é “Melancolia”. Conta, em duas partes, os últimos momentos de vida de uma família rica e complicada antes de um planeta chamado Melancolia se chocar contra a Terra.

A primeira parte do filme mostra a festa de casamento de Justine e a sua grande dificuldade em suportar a felicidade obrigatória que se espera de uma noiva. A segunda parte mostra os dias posteriores ao desastre do casamento, em que Justine e sua irmã esperam a colisão catastrófica dos planetas.

Não posso negar que o filme me deixou melancólico. Afinal, esse deve ter sido o propósito do diretor dinamarquês Lars von Trier. E foi exatamente por ter ido dormir envolvido pela melancolia que tive, naquele estado intermediário entre a vigília e o sono, a minha própria fantasia melancólica. Me vi sair voando do solo em direção ao tal planeta, meu corpo diminuindo à distância até desaparecer na sua superfície.

Ora, esta visão figurava o sentido oposto ao movimento de aproximação do planeta. Era eu que era sugado por ele. Era o meu ínfimo corpo que se perdia de encontro ao seu corpo imenso. Quando acordei, a imagem ainda estava nítida na memória e me acompanhou por todo o dia.

Ainda agora, pensando nela, acho que encontrei a minha própria definição de melancolia. Mesmo que sintamos o terror melancólico como vindo do exterior (por detrás do sol, como o planeta), este terror está dentro de nós mesmos. E o que o melancólico mais teme é que a sua alma seja sugada por esse corpo estranho que nos ameaça dentro de nós.

O planeta Melancolia é uma metáfora desse mundo ameaçador que cada um carrega dentro de si. Na verdade, não é um mundo externo tenebroso que ameaça a nossa existência. É um mundo interior que não tem nome, que nos chama e nos arrasta para os confins desconhecidos de nossa própria alma.

Um comentário:

Angela disse...

Formas de ver tão diversas... Não desprezando sua interpretação e sensação diante do filme, a sua e a minha - duas pessoas que lidam com o psiquismo.

Gosto de tudo que Lars Von Trier fez e deste filme, embora não o considere tão bom quanto outros, gostei muito pois, aos meus olhos, mostrou como a irmã (Claire) aparentemente mais sociável, prática e centrada, sucumbe diante da tragédia e da morte (não está afeita a profundidades) enquanto a aparente tresloucada loira,(Justine) é tão serena a ponto de auxilia a criança e a irmã a assimilar o que é tão difícil para eles.