O evento está previsto para 17 de fevereiro. Pode ser antes, pode ser depois. Mais uma vez estou eu à mercê dos caprichos de um parto natural. Desta vez é João que se anuncia. Será o meu primeiro neto homem, o que lhe faz supor certas regalias. Mas, se conheço bem sua irmã mais velha e suas primas, ele não vai se dar tão bem quanto pretende.
A novidade que aprendi enquanto aguardava a chegada de João é que existe uma coisa chamada parto humanizado. Tal novidade consiste em dar prioridade ao bem estar da mãe e do bebê, devendo a equipe médica se adaptar às vicissitudes do parto, em vez de adaptar o parto às suas conveniências de tempo e conforto.
Ora, se chamamos de “humanizada” uma postura tão óbvia quanto esta de colocar a parturiente e seu filho no centro das atenções num momento tão crítico como o de um parto, como devemos chamar os procedimentos que não dispensam semelhantes cuidados? Não vamos mais um vez cair no erro de chamar estas técnicas de animalizadas. Quem já assistiu o parto de algum animal sabe o quanto a natureza é cuidadosa com os seus novos rebentos. Um parto, ou qualquer ato médico que não ponha o paciente no centro de suas atenções, é um ato de desumanidade.
É de causar espanto e indignação o quanto certos procedimentos médicos ignoram totalmente a integridade dos pacientes. A própria super-especialização contribui para que cada especialista cuide apenas do pedaço do corpo que conhece, ignorando que ali, na sua frente, existe um indivíduo com uma história de sofrimento desejoso de ser escutado em suas angústias e incertezas.
Acho ótimo que minha filha tenha escolhido um profissional preocupado no bem estar dos seus pacientes. Mas lamento muito que seja necessário chamar de “humanizado” um ato que deveria ser a coisa mais corriqueira na atenção médica dada a qualquer ser humano.
Um comentário:
Assino embaixo. Hoje a medicina é a coisa menos humanizada que existe. Aliás, o que é mesmo o Homem?
Um abraço e que o João, nasça feliz e seja mais um a mudar este mundo.
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