19 novembro 2009

Tórrido, ensurdecedor



Lá pelo começo dos anos sessenta, Núbia Lafayete cantava num bolero que briga de homem e mulher é de dois, não cabe três. Se ele está batendo nela, é porque alguma coisa ela lhe fez. Ainda hoje se diz que em briga de homem e mulher não se mete a colher. Mas as coisas estão mudando aos poucos e a Lei Maria da Penha está aí para diminuir a pancadaria. Não se tolera mais ouvir os gritos de uma mulher apanhando do marido. Mas o que fazer quando perdemos o sono com a barulheira fornicatória do casal do lado? Segundo a BBC, os moradores de Newcastle, na Inglaterra, chamaram a polícia e o casal for parar nas barras do tribunal.


Caroline e Steve se amavam com fervor, quase todas as noites. A rigor, o fervor começava po volta da meia-noite e se arrastava até às três horas da manhã. Eram gemidos ensurdecedores. Um detector de ruídos registrou níveis médios entre 30 e 40 decíbeis. Nas noites mais tórridas, o pico chegou a 47. A vizinhança não conseguia dormir. Rachel O’Connor, que morava ao lado, chegava tarde ao trabalho por conta da barulheira dos vizinhos. “Eu nunca escutei nada igual”, disse ao Juiz, “é como se eles sentissem muita dor”.


Proibida de gemer na cama, Caroline recorreu da sentença, alegando que os gemidos durante o sexo faziam parte dos seus direitos humanos. Mas perdeu. O juiz Jeremy Freedman apoiou sua decisão no nível de ruído que podia ser ouvido nas propriedades vizinhas, na rua onde o casal morava e na rua detrás de sua casa.


Pobre Carolina, pobre Steve. Se gemessem de dor por conta de pancadaria, talvez seus vizinhos fossem mais complacentes. Mas gemiam de amor, esse vício atávico que não respeita sonos ou pudores alheios. Pobres vizinhos de Carolina e Steve. Devem continuar perdendo o sono, agora por sentirem a falta daqueles gemidos ensurdecedores que lhes faziam morrer de inveja por não ter quem os amassem tão extremamente.

4 comentários:

Angela disse...

Seu texto é sempre bom, mas voltando a realidade do casal: Será que usar isolamento acústico não seria uma solução? Ou faria parte do prazer a participação de uma platéia ouvinte?

Anônimo disse...

...please where can I buy a unicorn?

Anônimo disse...

...please where can I buy a unicorn?

Anônimo disse...

hummm... se todos os vizinhos gemessem assim... que bela orquestra!!!

Dôra Limeira