Vem, amigo.
vem andar comigo pela noite.
Pelas ruas escuras desta noite.
Tua presença m dá coragem
e juntos vamos atravessar todos os becos,
todos os cantos escuros desta hora.
A hora cheia.
A hora gorda da noite
em que as encruzilhadas espreitam
e as avenidas se estreitam
para quebrar nossos ossos.
Vem, amigo.
Anda a meu lado o mais próximo de mim.
Escuta o baque surdo sobre folhas.
Será o amor ou a morte entre dois corpos?
Apura o ouvido e fala:
esse líquido rumor
é vinho deitado em taça
ou sangue de veia cortada a navalha?
Chega-te mais e diz:
são cães ou homens que uivam
na crista deste muro?
A noite deita seus enigmas, amigo.
A noite é mãe e puta dos enigmas.
Mas nossos passos pelas ruas
derramam uma luz tênue sobre a noite.
E o leito da noite já não é ameaça de morte.
É mais um convite para se passar e ir embora.
Que a noite não quer ninguém com ela.
A noite quer ir-se embora.
Esvair-se na palidez que não fere.
Morrer para que nasça
- não o dia -
uma luz opaca, irmã,
a caminhar entre nós dois.
Imagem obtida em :
www.naomesquecerderespirar.blogspot.com
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