26 outubro 2007

opaco




O estranho objeto se anuncia por uma vaga inquietação que me acompanha horas. Ainda não é uma presença, mas emite leves sinais de um lugar além de mim.
O estranho objeto se insinua nos diversos momentos do meu dia. Volto a cabeça e quase o surpreendo em alguma dobra do tempo que me cerca.
A coisa estranha insiste em não estar. Resiste em ser presença, bastando-se promessa. Ausência que me espreita, tocaia prestes a ser escaramuça.
Submisso ao que não é, cativo de uma espera, espreito a coisa opaca retida na fronteira. E na espera torno-me objeto do objeto. Coisa da coisa. Outro de mim e do outro.
E assim, opacos, eu estranho e a coisa estranha, ensaiamos uma possibilidade de presença no esboço de sombra que lança no chão a luz da lua.
Ilustração obtida em www.cosmobrain.com.br

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