18 outubro 2007

Redução de danos


A idéia de redução de danos é relativamente nova e encontra muita resistência na opinião pública em geral e em muitos dos agentes diretamente envolvidos em programas de saúde pública.
Eu mesmo confesso que fiquei espantado quando ouvi falar pela primeira vez que as agências governamentais de muitos países gastam dinheiro para oferecer mais segurança aos usuários em suas relações com as drogas.
Mas quando se sabe que ao fumar uma pedra de crak num cachimbo de pvc achado no lixo o viciado pode ser vítima da leptospirose, vê-se que é uma ação de saúde pública fornecer um cachimbo adequado, acompanhado de um batom para evitar que os lábios desidratados rachem, deixando a vítima a mercê do vírus da aids ou da hepatite.
Muitas doenças transmissíveis podem ser evitadas com a distribuição de seringas de uso pessoal entre os usuários de drogas injetáveis. Muitas intoxicações podem ser evitadas se os viciados em maconha usarem o papel de seda para enrolar seus cigarros, em vez de papel sujo ou pedaços de jornal.
É aí que reside a lógica do programa: a recuperação de um viciado em drogas é lenta, dolorosa e muitas vezes impossível. Enquanto não se alcança tal objetivo, resta-nos evitar que os indivíduos se exponham a situações adicionais de risco.
À medida em que nos acostumarmos à idéia da redução de danos, perceberemos que todos nós, humanos, precisamos de ajuda adicional para sobreviver neste ambiente hostil a que foi reduzido o universo das nossas relações. Precisamos inventar novas ações que nos protejam dos danos que causamos uns aos outros.
Foto recolhida em www.arpnet.it

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