20 março 2012

Falta e presença de Rosa Godoy


Conheci a Professora Rosa Godoy nos tempos de luta do movimento docente da UFPB contra o arbítrio da ditadura militar. Eram muitas as vozes que se faziam ouvir em defesa da autonomia universitária e do restabelecimento do estado de direito. Mas quando chegava a vez da reflexão histórica no contexto das análises de conjuntura, era a voz da Professora Rosa Godoy que se impunha.
Estivemos juntos mais uma vez como membros da equipe do Professor Neroaldo Pontes na Reitoria da UFPB. Ela foi pró-reitora de pós-graduação e soube dar a dimensão exata dos nossos objetivos quanto à pesquisa e à formação do quadro docente.
Cidadã em tempo integral, mesmo nos momentos da boa camaradagem entre os mais íntimos, seu pensamento não perdia o prumo do argumento certeiro e demolidor. Nas reuniões de trabalho, todos esperávamos o momento em que ela tiraria a bic do canto da boca para disparar sua opinião justa e apropriada.     
Agora, a Professora Rosa Godoy deixa a cidade de João Pessoa, de volta a São Paulo, seu estado de origem. Vai retomar de uma vez os “erres” caipiras que as décadas paraibanas não conseguiram eliminar. Não sei os motivos que a levam embora. Mas tenho a certeza de que é uma decisão pensada com cuidado, como todas as outras que ela tomou em sua vida.
Vamos sentir sua falta, Professora. Mas com o mesmo peso, continuaremos a sentir sua presença. Aqui ficam os muitos discípulos que você forjou com o rigor do seu pensamento. Ficam também os muitos amigos que você cultivou com a sua generosidade. Sobretudo, fica para sempre na UFPB e em toda a cidade de João Pessoa a marca da sua palavra exata contra os desmandos e desvarios dos eternos inimigos da cidadania e do bem-estar coletivo.  

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