Para quem ainda não sabe, um HD externo é aquela caixinha que se acopla ao computador que serve para guardar os arquivos que ficarão a salvo caso algum mal venha a acontecer com a memória do nosso PC.
Mas se engana quem pensar que o HD externo é uma invenção recente. Ele é apenas uma versão eletrônica de uma dispositivo que desde o início dos tempos vem tornando viável a vida da porção masculina da nossa espécie: a memória da mulher.
Sabe-se muito bem que nós, os homens, nascemos com um defeito congênito. No lugar da memória, trazemos uma vaga lembrança. Demonstramos desde muito cedo a nossa incompetência para saber onde deixamos os sapatos ou guardamos a baleadeira. Esquecemos de fazer a lição de casa e nunca entregamos aos pais os bilhetes da professora. Nosso primeiro HD externo atende pelo apelido de mamãe.
Acho mesmo que um casamento duradouro se deve, antes de mais nada, ao encontro entre um desmemoriado de nascença e um HD externo de confiança. Pelo menos no meu caso, a hipótese se confirma à exaustão. E não é apenas pelos pequenos deslizes rotineiros, tais como não saber onde está o celular, o documento do carro, a porta do guarda-roupas em que se escondem as camisas.
Minha vida correria sérios riscos sem o recurso permanente ao meu HD externo. Pelo menos minha vida social. Quando, por exemplo, você me ouvirem chamar uma moça de neguinha, querida ou coisa parecida, pode ter certeza: não lembro o nome dela. Meu velho, gente boa, amigão, são substitutos dos nomes dos homens que esqueço. Mas este vexame não ocorre quando meu HD externo está por perto. Basta uma cutucada discreta para ela se adiantar e cumprimentar a pessoa pelo nome.
O momento supremo desta ajuda se deu quando eu confessei minha angústia pela aproximação de um sujeito muito importante que eu esqueci o nome. Não será fulano de tal, adiantou minha mulher, na maior tranqüilidade. E era. Acontece que ela nunca tinha visto o tal fulano. Só de me ouvir falar dele, reconheceu o cara em plena rua. Com isto, acho que saímos do ramo da informática para entrar no âmbito mais obscuro do espiritismo.
Um comentário:
até chegar o momento de HD ou "cavalo" perder a paciência e dar um "coice" no marido encosto!
Postar um comentário