16 junho 2010

De copa em copa




Não são meus aniversários. São as copas do mundo que me dão a certeza de que estou ficando velho. Constato isto por conta de um fenômeno intrigante: a cada copa os jogadores vão ficando mais novos.
A primeira copa que guardo na memória foi a de 58, na Suécia. Tinha onze anos e era natural que meus olhos de menino vissem Gilmar, Nilton e Djalma Santos, Didi, Vavá e Zagalo como verdadeiros senhores de idade. Mesmo Pelé, com seus dezoito anos, era gente grande. Enorme, por sinal.
Na copa de 70, no México, eu já estava com meus 23 anos e a turma de Rivelino, Jairzinho, Gérson e Tostão já pareciam meus irmão mais velhos. Além disso, já não eram ídolos tão distantes como os de 58, que só sabíamos de seus feitos pelo rádio e nas fotos dos jornais. Agora já existia a televisão e eles jogavam praticamente dentro de nossas salas. Éramos íntimos.
Para não gastar muito o tempo do leitor, chego logo a esta copa de 2010. Olho para essa meninada cantando o hino nacional e não consigo ter confiança em nenhum deles. Uns fedelhos, mal saídos dos cueiros, não me oferecem a segurança dos velhos ídolos de 58. Aqueles, sim. Eram senhores idosos, que traziam na cara as marcas das lutas renhidas nos campeonatos estaduais. Sim, pois naquele tempo todo mundo vivia aqui mesmo, no Brasil. Você acompanhava a evolução deles toda semana no Canal 100, uma aula de transmissão esportiva que passava antes de cada filme nos cinemas dos bairros.
Elano e Maicon que me perdoem, mas eu esperava um pouco mais desta meninada. Seria bom que fizessem uma forcinha para não decepcionar a mim, que já tenho idade de ser pai de qualquer um deles. Afinal já estou na minha décima sexta copa e não sei como vou estar daqui a quatro anos.

Um comentário:

João Batista Freire disse...

Ô meu camarada, meu amigo, achei seu blog. É o João Freire, o Joãozinho. Achei-o graças ao Bento. Cara, eu comecei a acompanhar copas em 1954, estou velho, mais que você. Mas, veja só, para quem é tão menino, todo o resto é grande, e para quem fica velho, todo mundo é menino. E os meninos do Brasil hoje deram show, muito mais alegre que a carranca do técnico deles. Um grande abraço e vamos nos falando.