Uma eternidade se concentra nesses poucos segundos. Ele fixa o olhar na bola como se quisesse hipnotizá-la, antes de colocá-la no gramado. Os gestos são precisos. Todos os músculos de prontidão. Depois, os olhos miram o lugar por onde a bola fatalmente deveria entrar. Nenhuma dúvida em seu rosto. Nenhuma hesitação. Estava de frente do gol como um toureiro de cara com o touro.
Nenhum jornal publicou a foto do momento mais dramático da Copa das Confederações. Já se passavam 36 minutos do segundo tempo de Brasil e África do Sul quando Daniel Alves entrou em campo. Cinco minutos depois, o lateral direito deixava sua marca no placar que definiu a partida.
Depois chorou, correu como criança e levou cartão amarelo por ter levantado a camisa para mostrar o nome do filho recém nascido tatuado no peito. Tudo isso foi registrado e publicado nos jornais e nas revistas. Repetido pela televisão. Mas foi aquele ritual fechado e compacto que antecedeu o gol que ficou marcado na minha memória. A cena definitiva de um homem que soube fazer sua vez e sua hora.
2 comentários:
Parabéns Ronaldo. Nada como a prática + sensibilidade para observar e valorizar reações humanas. Não sou afeita a esportes mas esta foto comprova o que vc viu. um abraço da Angela.
Feliz descripción de ese instante. Ese es el papel de un escritor, la prensa y la televisión simplemente registran la noticia en general.
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