Tudo demais é demasia. Eu ouvia sempre esta sentença dos meus pais, toda vez em que me excedia em alguma coisa. Bebida, comida, até mesmo estudo em excesso, diziam eles com grande sabedoria, fazia mal à saúde. Mais uma vez sou obrigado a concordar com meus velhos quando leio a afirmação de especialistas que exercício em excesso pode danificar o coração. Segundo os pesquisadores de uma universidade de Melbourne, da Austrália, “exames de ressonância magnética de 40 atletas que se preparavam para participar de eventos esportivos extremos, como triatlos ou competições de ciclismo em montanha, revelaram que a maioria apresentava distensões no músculo cardíaco”.
Eu tinha um amigo que vivia tirando sarro com a minha tendência à inércia. Ele corria na praia, jogava vôlei, tomava sauna. Ao vê-lo suado e esfalfado, eu retrucava: vais morrer com a maior saúde. Eu disse que tinha um amigo. Pois é. O amigo morreu. E o que é pior, sem saúde. Talvez sua mãe não o tivesse advertido de que tudo demais é demasia. Bebia demais, morreu cirrótico.
Já prevendo que alguns sedentários folgados como eu iam querer tirar proveito da pesquisa, os médicos se apressaram em dizer que não se deve concluir desse estudo que os esportes extremos sejam ruins para a saúde. Nem que as pessoas devam deixar de fazer exercícios tendo como desculpa os dados de uma pesquisa não conclusiva.
Não quero ser mal conselheiro instigando os atletas de fim de semana a pularem a pelada e partir direto para a roda de cerveja. Nem tampouco contribuir para o prejuízo das academias que vivem do sentimento de culpa dos que perdem muito tempo em frente ao espelho. Não nego que, de vez em quando, eu mesmo vou com minha mulher dar umas passadas na calçada do Cabo Branco. Mas estou sempre atento a outra pérola dos mandamentos dos meus pais: “boa romaria faz quem em sua casa está em paz”.
Imagem obtida em: http://soky-tf.blogspot.com
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