12 abril 2010

Trilhas sonoras













Desde menino que ouço rádio. A trilha sonora de minha vida começou a ser composta com as músicas que o rádio me ensinou. Os discos vieram depois. No princípio, era o rádio.
Lá pras bandas da década de cinqüenta – do século passado, menina, do século passado -, as músicas tinham época para tocar. Não era essa esculhambação de hoje. Tinha música de Natal, música de carnaval, depois vinham as músicas juninas. Só nos intervalos dessas festas é que se lançavam as músicas românticas, os boleros, os sambas-canção. Na semana-santa, então, só tocava música de “morreu-galego”. Isto que hoje se chama música clássica.
Uma das maiores emoções da minha vida, foi ouvir, quase adolescente, a programação da Rádio Tamandaré, do Recife: “música, somente música e um só anúncio por intervalo”. Foi quando senti o espanto dos acordes dissonantes da bossa-nova e do jazz.
Foi no rádio que ouvi pela primeira vez Alegria, alegria, de Caetano, e Penny lane, com os Beatles. Sons que apontavam para um outro mundo para além dos muros do quartel em que servia a, contragosto, em Maceió.
Depois de um tempo de desgosto com o lixo que as rádios vêm há muito nos servindo, descubro novamente a alegria de ouvir rádio. Tenho algumas estações selecionadas pela internet. Em uma delas, a Espace Musique, do Canadá, escuto o que há de mais significativo da música de todo o mundo. Inclusive muita música brasileira que nunca irão tocar nas rádios do Brasil. Até Selma do Coco já ouvi por lá. De repente, tenho uma nova Rádio Tamandaré em casa. É uma pena que, para ter acesso a um bem de cultura tão essencial como a música, eu tenha que me valer de um equipamento sofisticado, fora do alcance da grande maioria das pessoas. Pobres pessoas, condenadas a uma trilha sonora pobre e repetitiva, incapaz de realçar a emoção dos bons e maus momentos de suas vidas.

2 comentários:

Angela disse...

grata pela dica.

Angela disse...

Experimente, quem sabe aprecia.

http://www.musicovery.com/
um abraço.