Existem muitos poemas dedicados à lua. Não há poeta, creio, que já não tenha cometido ao menos um verso comovente para a lua. Desconfio que até os uivos dos lobos e cachorros sejam poemas dedicados à lua cheia.
É angustiante acompanhar a espera da noite por Álvaro de Campos, (talvez o mais fértil da legião que habita Fernando Pessoa), no poema “Dois excertos de odes”. Toda a angústia, nossa e do poeta, se acaba quando “no alto céu ainda claramente azul (...) a lua começa a ser real.”
Como ao poeta, a lua cheia sempre nos pega de surpresa. Não há quem não se espante ao vê-la, de repente, começando a ser real. Foi semelhante espanto, certamente, que minha neta sentiu na última lua cheia. E foi tanto espanto, que ela o quis repartir com sua mãe. Do alto dos seus dois anos e meio, levantou as mãos para apanhar a lua. Com a lua nas mãos, voltou-se para a mãe e lhe deu a lua de presente.
Sem saber de metáforas ou metonímicas, a menina fez a lua ser mais real em suas mãos do que era real solta no céu. Ela transformou a lua em presente e a deu de presente a quem mais amava.
Naquele momento, pelas mãos da menina, foi composto o mais belo poema que a lua cheia possa merecer.
É angustiante acompanhar a espera da noite por Álvaro de Campos, (talvez o mais fértil da legião que habita Fernando Pessoa), no poema “Dois excertos de odes”. Toda a angústia, nossa e do poeta, se acaba quando “no alto céu ainda claramente azul (...) a lua começa a ser real.”
Como ao poeta, a lua cheia sempre nos pega de surpresa. Não há quem não se espante ao vê-la, de repente, começando a ser real. Foi semelhante espanto, certamente, que minha neta sentiu na última lua cheia. E foi tanto espanto, que ela o quis repartir com sua mãe. Do alto dos seus dois anos e meio, levantou as mãos para apanhar a lua. Com a lua nas mãos, voltou-se para a mãe e lhe deu a lua de presente.
Sem saber de metáforas ou metonímicas, a menina fez a lua ser mais real em suas mãos do que era real solta no céu. Ela transformou a lua em presente e a deu de presente a quem mais amava.
Naquele momento, pelas mãos da menina, foi composto o mais belo poema que a lua cheia possa merecer.
Ilustração: Veruschka Guerra
5 comentários:
Ronaldo Monte, toda vez que eu leio um desses textos maravilhosos que você escreve, sou acometido por uma intensa vontade de levantar dessa cadeira e ir até a sua casa dar-lhe um abraço. Pena que eu não saiba onde mora.
Um abraço virtual.
Comovente!
Os netos nos fazem outros...
Belo poema, professor, aliás andamos todos precisando muito de estética nesses tempos de drogas e violência. Nada melhor que uma dose de lua, se for cheia melhor ainda para saciar as ansiedades. Quanto a mim, adora a lua, acho que ela me possui. Há, sem dúvida, uma ligação intrínseca e misteriosa ente nós, pois ela sempre me surpreende quando me visita. Valeu, professor, como diz o Howard,precisamos, urgentemente cultuar o Belo, o Bom e o Justo. Bom final de semana.
A vida felizmente nos mostra exceções ao que parece ser a regra.Em meio a tanta coisa miúda,ainda temos coisas simplesmente grandiosas que nos deixam com uma vontade danada de mais e mais achar a vida bela,de amar a vida e lutar por ela...Duas dessas "coisas" são o olhar a lua e ler os seus textos.
Oi Ronaldo,
Apesar de ter estudado só o segundo grau, o que me fez a diferença foi que sempre li muito e vejo no seu blog um espelho.
Se quiser saberá...
Abç
Lua Singular
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