Estou cansado de más notícias. A televisão não me deixa em paz. Padres pedófilos, terremotos, políticos corruptos, enchentes, homens-bomba, desabamentos, mensalões, erupções. Agora mesmo estou com a alma encharcada de tanta chuva no Rio de Janeiro. Será, minha gente, que não existe mais uma notícia boa?
Me lembro de quando servia ao exército, em Maceió, e dormia na casa de um primo que era sargento no mesmo batalhão que eu. Uma noite, já madrugada, ouvi no rádio uma convocação urgente para que todos os militares da cidade se apresentassem no quartel. Levantei assustado e bati na porta do quarto do meu primo avisando da convocação. Desliga o rádio, ele respondeu, não se dando sequer o trabalho de acender a luz do quarto.
Será que não estamos precisando exatamente disto? Desligar o rádio, a televisão, os computadores, fechar os jornais e as revistas e olharmos em nossa volta? Será que, neste exato momento, não está acontecendo nada de bom?
Há poucos dias, uma mocinha, de seus treze para catorze anos, atravessou na frente do meu carro, subiu a calçada e tomou um susto. Duas borboletas amarelas vieram não sei de onde e começaram a fazer festa em volta dos seus cabelos. A televisão não estava lá, não tinha nenhum fotógrafo por perto, nenhum locutor de rádio deu a notícia alarmante: duas borboletas amarelas deram um susto na moça que subiu a calçada. Mas meus olhos registraram a cena e, quando cheguei em casa, contei para minha mulher. Dou a notícia agora, nesta crônica, para que mais pessoas fiquem sabendo que uma moça se assustou com duas borboletas.
É em cenas pequenas como esta que a poesia se revela aos olhos atentos à surpresa do belo. Muitas cenas como estas estão acontecendo agora em frente aos nossos olhos. E nem precisam ser tão inusitadas. Pode ser um cheiro de jasmim na frente de uma casa. Pode ser uma risada gostosa de um homem. Pode ser a mão de uma neta batendo de leve no rosto de um avô. Cenas prosaicas, que acontecem às centenas à nossa volta, mas das quais não nos damos conta, pois nossos olhos e ouvidos estão aprisionados pelos aparelhos eletrônicos que nos enchem de pânico e angústia.
Me lembro de quando servia ao exército, em Maceió, e dormia na casa de um primo que era sargento no mesmo batalhão que eu. Uma noite, já madrugada, ouvi no rádio uma convocação urgente para que todos os militares da cidade se apresentassem no quartel. Levantei assustado e bati na porta do quarto do meu primo avisando da convocação. Desliga o rádio, ele respondeu, não se dando sequer o trabalho de acender a luz do quarto.
Será que não estamos precisando exatamente disto? Desligar o rádio, a televisão, os computadores, fechar os jornais e as revistas e olharmos em nossa volta? Será que, neste exato momento, não está acontecendo nada de bom?
Há poucos dias, uma mocinha, de seus treze para catorze anos, atravessou na frente do meu carro, subiu a calçada e tomou um susto. Duas borboletas amarelas vieram não sei de onde e começaram a fazer festa em volta dos seus cabelos. A televisão não estava lá, não tinha nenhum fotógrafo por perto, nenhum locutor de rádio deu a notícia alarmante: duas borboletas amarelas deram um susto na moça que subiu a calçada. Mas meus olhos registraram a cena e, quando cheguei em casa, contei para minha mulher. Dou a notícia agora, nesta crônica, para que mais pessoas fiquem sabendo que uma moça se assustou com duas borboletas.
É em cenas pequenas como esta que a poesia se revela aos olhos atentos à surpresa do belo. Muitas cenas como estas estão acontecendo agora em frente aos nossos olhos. E nem precisam ser tão inusitadas. Pode ser um cheiro de jasmim na frente de uma casa. Pode ser uma risada gostosa de um homem. Pode ser a mão de uma neta batendo de leve no rosto de um avô. Cenas prosaicas, que acontecem às centenas à nossa volta, mas das quais não nos damos conta, pois nossos olhos e ouvidos estão aprisionados pelos aparelhos eletrônicos que nos enchem de pânico e angústia.
2 comentários:
Sim Ronaldo, acho que tem sabedoria sua proposta. O mundo está muito grande e próximo e apenas tornando-o menor e nosso podemos viver melhor.
Que bela imagem a que você viu! Grata por partilhar.
Ronaldo,
Falta poesia em nosso cotidiano. Saudades de Luiz Augusto Crispim e do seu olhar poético sobre a cidade e as suas acácias. O seu texto, hoje, me fez lembrá-lo. Obrigada!
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