08 agosto 2012

Servicinho



Desde que me mudei de vez pra Cabedelo, tinha vontade de pendurar a televisão na parede do quarto. Coisa simples, pensava. Claro que não seria eu a fazer o serviço, mas na mão de um bom faz-tudo o trabalho não duraria mais de meia hora.
Suporte comprado, furadeira nova, serviço contratado, dali a pouco eu estaria jogado na cama vendo “Vale a pena ver de novo”. Estaria?
A primeira dificuldade se apresentou com a teimosia dos parafusos em não querer abandonar a base da televisão à qual estavam ligados desde a maternidade. Foi preciso sair para comprar uma chave estrela.
O segundo obstáculo foi a ausência de um manual de instalação. As instruções estavam sucintamente impressas na embalagem, com ilustrações minúsculas que mais confundiam do que orientavam a equipe de montadores. Equipe, sim, pois, além dos dois trabalhadores, eu fui incorporado ao grupo para tentar decifrar as instruções.
Traduzidos os hieróglifos, concluímos que não tínhamos uma chave sextavada para parafusar as bases na parede. Saí novamente para comprar parafusos de fenda.
Já noitinha, televisão fixa na parede, trabalhadores apressados para não perder o último trem, descubro que o cabo da antena não estava conectado. Lá vamos eu e minha mulher desenganchar a televisão da parede para consertar o esquecimento. Jeitosos como Deus nos criou, correu-se sério risco de ver desabar parede abaixo o nosso patrimônio comprado a prestação para assistir o fiasco da seleção na última copa.
Acredito que este foi o último servicinho que precisamos fazer desde que inicamos a “última” reforma, no começo do ano. Ainda tem uma pequena infiltração na entrada do meu quarto que prometeram resolver amanhã. E me garantiram que amanhã mesmo terminam a pintura. Estamos exaustos, os olhos irritados de poeira e as contas bancárias exauridas. Juro por Deus que vai demorar muito até que eu me atreva a fazer o mais mínimo servicinho aqui em casa.   

Nenhum comentário: