20 junho 2012

Pequenas delicadezas


           
        Quando nos viu procurando a passagem para saber o número do portão de embarque, a mulher da limpeza do aeroporto de Santiago perguntou, solícita, se tínhamos perdido alguma coisa.


Ao me ver em dificuldade para me levantar e entregar o dinheiro das passagens do microônibus, uma senhora do banco da frente apanhou o dinheiro da minha mão e entregou ao motorista.

A moça que nos acompanhava no tour pela vinícola Concha Y Toro ficou todo o tempo de olho na gente e de vez em quando pegava a nossa máquina para uma foto juntos: “Agora uma com vocês brindando...”

O recepcionista do hotel de Santiago me perguntou se eu tinha guardado o dinheiro para o táxi quando fui fechar a conta.

Ao nos ver chegar ao balcão da polícia federal, o policial do aeroporto de Santiago falou: “não precisa dizer nada. São mais dois brasileiros que perderam o formulário de imigração...” E nos atendeu sorrindo.

Quando minha mulher ia em direção ao banheiro do avião, um homem notou que o cordão de um dos seus tênis estava desamarrado. Perguntou se ela queria que ele amarrasse.

O executivo argentino foi solícito em facilitar nosso entendimento com a recepção do hotel em Montevidéu. No outro dia, conversou um pouco sobre sua vida de viajante em vários países de língua portuguesa.

Num restaurante do Mercado Central de Santiago, uma mulher brasileira, numa mesa ao lado, me ofereceu o vinho da sua garrafa quando viu que o meu havia terminado.

Há algum tempo, em Sevilha, ao nos ver olhando para o interior de um pátio tipicamente mourisco, um homem nos incentivou aos gritos: “Entra, entra que és mui belo”.

São cenas simples como estas que me asseguram a existência da delicadeza em qualquer canto do mundo. Por mais que alguns mal intencionados queiram nos fazer temer a proximidade de pessoas de lugares diferentes do nosso, um simples passeio pelas ruas nos mostra o contrário. As pessoas querem nos conhecer, querem nos ajudar e mostrar que, acima de nossas diferenças de lugares, línguas e classes, é possível construir pontes de delicadeza e solidariedade.

Ilustração obtida em: cafeentreamigos.com

Um comentário:

Angela disse...

Concordo! A vida é enfeitada pelas pequenas coisas, principalmente as gentilezas! Mas como isto se torna raro em cidades muito populosas...