A presença das netas reestabeleceu aqui em casa o hábito de ouvir cantigas de roda. Por isso, de vez em quando fico pensando na mania recente de algumas “tias” em alterar certas cantigas, temendo que o teor de suas letras estimule tendências agressivas e politicamente incorretas nas nossas inocentes criancinhas. O exemplo clássico é a campeã de audiência “Atirei o pau no gato”.
Numa tentativa de contribuir para o novo “index librorum prohibitorum”, quero dedurar algumas modinhas que, no meu fraco entender, vêm há séculos pervertendo os hábitos e pensamentos dos nossos rebentos. Em primeiro lugar, denuncio a baixaria entre o Cravo e a Rosa. É coisa digna do programa do Datena. Sabe-se lá por quais motivos, o casal de engalfinhou em público debaixo de uma sacada, tendo como desfecho um ferimento de graves consequências no Sr. Cravo e a total destruição das vestes da Dona Rosa. Não bastasse o nível da agressão, ressalte-se ainda o total descaramento do casal, pois, no outro dia, a moça foi visitar o amante no hospital, reatando o caso amoroso entre suspiros e desmaios.
Caso menos complicado, mas nem por isso desculpável, é a má sina de um certo indivíduo que responde pelo nome de Sambalelê. Boa coisa o elemento andou fazendo, pois já levou uma surra, que o deixou doente e com a cabeça quebrada. E a turma ainda acha que ele precisa de umas boas palmadas. Outro cara que deve ser seu cúmplice, um tal de Bitu, quando chamado às falas, recusa-se a comparecer com medo de apanhar.
Se formos devidamente rigorosos e excluirmos dos cancioneiros de roda, além das cantigas claramente agressivas, aquelas que fazem alusão ao sexo nos mais diversos níveis (vide Terezinha de Jesus, a Pobre viuvinha, Desanda a roda, etc.) muito pouca coisa restará para ser cantada pelas nossas crianças. Então, para o alívio das “tias” politicamente corretas, elas estarão totalmente liberadas para se entregar ao universo poético do funk e do forró eletrônico.
Imagem obtida em: brincadeirasdecrianca.com.br
Um comentário:
Muito bom. É um total desconhecimento de tudo, esta moda do políticamente correto e vc conseguiu fazer uma critica irônica e divertida.
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