Nesse fim de ano minha mulher
decidiu armar duas árvores de Natal. Uma, melhorzinha, na sala, e outra, mais
mufamba, no terraço lateral, pois seria o lugar mais adequado para distribuir
os presentes, por conta do calor que não tem neve de algodão que alivie.
Passou o Natal, o Ano Novo e
chegou o dia de Reis, data base para o desmonte dos enfeites natalinos. Pois
bem, na manhã do dia sete, descobrimos que tem um casal de passarinhos fazendo
um ninho na árvore de Natal do terraço.
É impressionante como as coisas
estão mesmo de cabeça pra baixo. Um passarinho não discrimina mais um amontoado
de plástico de uma árvore de verdade. Aliás, esse não é o meu primeiro problema
com a maternidade alada. Uma rolinha, sabidamente uma ave de arribação, fez um
ninho na pitangueira em frente ao meu quarto e nunca mais arribou pra canto
nenhum. Faz quase um ano que está lá, sendo disputada pelos machos da sua
espécie. Já me acostumei aos seus arrulhos nas primeiras horas da manhã, mas
continuo achando que ela deve seguir a rota migratória da sua laia. Mas ela não
está nem aí em seu sedentarismo promíscuo. Semana passada, encontramos um ovo
novo no seu ninho. Será mais uma criança sem pai neste mundo.
A vizinhança da rolinha é mais
preocupante, pois preciso fazer uma poda na pitangueira, agora que acabou a
safra generosa do ano passado. Mas me vem um drama de consciência, pois temo
desguarnecer o ninho que está situado no pé do galho que mais precisa ser
cortado.
Definitivamente, sou um desadaptado
em relação às leis naturais. Qualquer animal menos culpado teria violado o
ninho da rolinha e devorado seus ovos, quem sabe até a própria inquilina. Qualquer ser humano menos conflituado teria
mandado o casal de passarinhos às favas e desmontado a árvore de Natal com
ninho e tudo. Mas eu não tenho essas qualidades fundamentais à sobrevivência e
fico aqui, escrevendo, ganhando tempo, até que alguém da casa tome alguma
decisão por mim. É no que dá ter intimidade com passarinho.
2 comentários:
Que intimidade gostosa!
pássaros são os anjos de verdade!
Mano! vc. é um gde.kara.Deixe lá os passarinhos e num corte nem pode a árvore frente ao seu quartoPrevilegio o seu ter passarinhos a cantar prá ti e árvore sua, própria. No ninho abençõe os pequeninos qdo. chegarem.São a nova geração; a do ninho em árvores de plastico. Felicidades.
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