Pouca gente deve conhecer João Schwindt. Ele é o atual campeão da Copa mundial de Paraciclismo realizada neste ano, no Canadá. Sem patrocínio, concorreu com uma bicicleta de segunda mão à prova de contrarrelógio, a sua especialidade.
João Schwindt vai representar o Brasil em quatro provas na
Paraolimpíada deste ano, em
Londres. Mas para isso precisa de uma bicicleta com câmbio
eletrônico, igual a de todos os seus concorrentes. A bicicleta custa R$ 21 mil.
Ele recebe R$1.800 da Bolsa-atleta do Ministério do Esporte.
Dois amigos de João lançaram uma campanha no Facebook para ajudá-lo a
comprar sua super-bicicleta. Mas até a semana passada só tinham conseguido
arrecadar R$3.271. As Paraolimpíadas começam em 31 de agosto.
Como era de se esperar, o Comitê Paraolímpico Brasileiro informou que
em nenhum momento João pediu uma bicicleta para disputar as provas. Nem ao
menos informou que a sua bicicleta de segunda mão era obsoleta. Os dirigentes
do Comitê devem ser cegos-surdos (ou, para manter o espírito paraolímpico,
deficientes óptico-auditivos), pois não conseguiram ver as condições do
equipamento do atleta em todas as competições de que participou. Tampouco
ouviram qualquer comentário a respeito da precariedade com que, não apenas
João, mas todos os atletas paraolímpicos enfrentam seus concorrentes
internacionais.
Antes de se tornar um campeão do
paraciclismo, João perdeu uma competição em que muitos brasileiros são
vencidos. Ele foi atropelado, em Brasília, por um motorista que vinha na
contramão.
No território símbolo da violação das leis e da certeza da impunidade,
João sobreviveu para nos passar na cara que, muito longe de sermos um país
digno de heróis paraolímpicos, constituímos um país aleijado, manco das pernas,
claudicando ao peso das nossas desigualdades, esmolando recursos, expondo
nossas deformações sociais nos palcos mundiais do requinte tecnológico.
Um comentário:
O governo economiza para ter melhores condições de outros mensalões de conhecimentos ocultos da população.
Beijos!!
É terrível deixar algo aqui.
As letrinhas que não ajudam.
beijos!!
Postar um comentário