Para algumas
tribos indígenas brasileiras, anhanga pode ser entendido como alma
velha, as almas dos mortos que vagam pelo mundo. Para alguns ramos da
Jurema, anhanga nomeia tudo que é velho, inútil, tudo o que não
presta e deve ser jogado no lixo.
Em outra
acepção, Anhangá é o protetor dos animais da floresta, castigando
os caçadores que matam por prazer, para além da satisfação das
suas necessidades. Sua fúria é extrema quando alguém mata um
filhote que mama ou uma fêmea grávida ou que amamenta. Assim
aproxima-se de Oxossi, orixá protetor das caças, ele mesmo caçador,
que também castiga os que matam a caça por prazer.
É bom
lembrar que o ano que começa é regido por Oxossi e sua mulher Oxum,
a deusa das águas doces e das cachoeiras, a bela provedora do amor e
da fortuna.
Vamos deixar
nosso pensamento brincar com estes mitos e imaginar que o ano novo
nos livre de tudo o que for anhanga, tudo o que for velho e inútil,
tudo o que vaga sem ter mais lugar nas nossas vidas, no nosso mundo.
Coisas, pessoas, ideias, tudo o que for anhanga, deve ser jogado
fora. Isso inclui os trastes que entulham nossas casas, os políticos
que infernam nossas vidas, os fundamentalismos que destroem nossos
esforços de fraternidade.
Ao mesmo
tempo, vamos esperar que os dois protetores da caça, Anhangá e
Oxossi castiguem todos aqueles que acumulam além de suas
necessidades, os que roubam, que saqueiam, que corrompem e se deixam
corromper.
Por fim,
deixemos que Oxum, essa força agregadora, inspire o amor entre nós,
para irmos além do nosso egoismo, em direção ao próximo, não
importa a distância em que se encontre.
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